Texto: Daniel 3.8-30
Breve história da fogueira:
A fogueira, no dia onde se comemora o “São” João [1], é de origem desconhecida, mas “Parece que vem do costume pagão de adorar seus deuses com fogueiras. Os druidas britânicos, segundo consta, adoravam Baal com fogos de artifício. Depois a Igreja Católica inventou a história que Isabel acendeu uma fogueira para avisar Maria que João tinha nascido. Outra lenda é que na comemoração deste dia, fogueiras espontâneas surgiram no alto dos montes” [2]. É comum relacionarmos a fogueira apenas ao ato religioso, já que nesta data aqui no Brasil, os Católicos Romanos acendem na intenção, pode-se dizer místico-religioso.
Mas a fogueira não é algo apenas relacionado a isto, na história humana a fogueira era utilizada com diversos objetivos, “(…) pena de morte” [3].
Falando sobre o texto:
Na Bíblia encontramos uma grande fogueira que foi acesa pelo rei Nabucodonosor usada como este “método de aplicação de pena de morte” para todos aqueles que não se ajoelhariam em adoração a sua imagem esculpida ao toque da “trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da flauta dupla e de toda espécie de música” (Daniel 3.15), sendo queimados em público num ato de intimidação a todos os que rejeitassem ao seu decreto. Três jovens Hananias, Mizael e Azarias (Daniel 1.8) não se dobraram a esta imagem quando ouviram o toque e foram dedurados por alguns astrólogos do rei (Daniel 3.8). O rei mandou-os chamar a sua presença e ameaçou-lhes dizendo: “Furioso, Nabucodonosor mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. E assim que eles foram conduzidos à presença do rei, Nabucodonosor lhes disse: “É verdade, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que vocês não prestam culto aos meus deuses nem adoram a imagem de ouro que mandei erguer? Agora, porém, quando vocês ouvirem o som da trombeta, do pífaro, da cítara, da harpa, do saltério, da flauta dupla e de toda espécie de música, se vocês se dispuserem a prostrar-se em terra e a adorar a imagem que eu fiz, será melhor para vocês. Mas, se não a adorarem, serão imediatamente atirados numa fornalha em chamas. E que deus poderá livrá-los das minhas mãos?”(Daniel 3.13-15).
Mesmo sob ameaças da parte do próprio rei, não se dobraram (Daniel 3.16-18). Foram jogados na fornalha (fogueira) e para a surpresa de todos, inclusive do rei, eles simplesmente brincavam e passeavam andando pelo fogo, na presença de mais uma pessoa que, na descrição de Nabucodonosor, parecia “com um filho dos deuses” (Daniel 3.24-25).
O que podemos aprender com esta história de fé, obediência e coragem destes três jovens que enfrentaram a fogueira e venceram, tudo para honrarem o Nome de Deus em suas vidas?
Nem toda obediência a Deus nos levará para o lugar dos nossos sonhos
O fato de terem que obedecer a Deus, o que lhes esperavam era a agitação do fogo aquecida pelo rei Nabucodonosor sete vezes mais. Nada era mais temível do que ter que encarar esta situação que custaria a vida deles. Mas resolveram obedecer a Deus apesar das consequências desta decisão.
Ser cristão é viver em obediência a Deus, mesmo que pelo simples fato de obedecê-lo, custe a nossa própria vida (Lucas 14.26). Cristo ensinou esse princípio importante e fundamental para a vida de qualquer cristão, quando viveu aqui na Terra obedecendo a Deus em tudo o que fazia, com o objetivo de ser um canal de graça para outros (Filipenses 2.8).
É uma ilusão pensarmos que a obediência a Deus sempre nos levará para um lugar que sempre sonhamos estar. Nada disso! Obedecer a Deus pode nos levar para o paraíso, mas também pode nos conduzir para o deserto assim como foi com José sendo vendido pelos seus irmãos como escravo; com Jesus que foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado por Satanás (Mateus 4.1-11); com Oséias que foi orientado por Deus repassar a mensagem ao povo de Israel que seria conduzido a um passeio no deserto com Deus para lá ouvirem a Sua Voz (Oséias 2.14). O deserto é a fogueira que devemos enfrentar. Devemos ter em mente que sempre valerá a pena obedecer a Deus e frustrar nossas próprias vontades.
A pergunta que fazemos é: até que ponto estamos dispostos a arriscarmos nossos sonhos, nossa vida e vontades para obedecermos a uma ordem clara de Deus?
Deus sempre estará conosco dentro da Fogueira
Os Jovens que foram jogados na fogueira não estavam sozinhos, Deus estava no mesmo local, no centro da fogueira, andando com eles. Exatamente por isso que não devemos temer as dificuldades que nos esperam, a fogueira pode ser até aumentada sete vezes mais, mas nunca estaremos sozinhos como se Deus não se importasse conosco. O fato de Deus sair do seu Sublime Trono, deixando sua tranquilidade no Céu para passear no meio do fogo onde estava os seus filhos fiéis, é uma demonstração maravilhosa de que o Senhor estará sempre conosco nas lutas e tempestades que passamos, não olhando lá do céu, mas no meio do fogo que estamos enfrentando ao nosso lado.
Em Salmos 33.20 diz: “Nossa esperança está no Senhor; ele é o nosso auxílio e a nossa proteção”. E também de forma muito mais clara Deus nos fala em Salmo 91.4 o seguinte: “Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas você encontrará refúgio; a fidelidade dele será o seu escudo protetor”.
* Gladyston P. de Santana, Pastor da Comunidade Vida Carpina/PE. |
[1] Você encontrará um pouco da história do São João nos seguintes sites: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Festa_junina), (http://novalianca.org.br/artigos/2006/5/qual-o-verdadeiro-significado-das-festas-juninas_429.html), (http://pibaararuama.blogspot.com.br/2009/06/o-verdadeiro-significado-das-festas.html).
[2] http://tempora-mores.blogspot.com.br/2014/06/sobre-festas-juninas.html?spref=fb